terça-feira, 11 de março de 2008

A Raíz da Amizade

Era Outono. As árvores perdiam as suas folhas e o vento encarregava – se de as arrastar, soprando – as para longe, muito longe. Nos crespos troncos dos pinheiros resvalavam pequenas gotas de orvalho, simbolizando as lágrimas daquele local olvidado. Estas abatiam-se sobre as folhas secas, amareladas e mortas, e compunham poças, humedecendo a terra. O céu estava carregado de melancolias, transparentes tristezas, pronto a desencadear uma colossal tempestade a qualquer instante. O vento silvava por entre os desgastados e quebradiços ramos das árvores. Aproximava – se uma tormenta capaz de derrubar qualquer árvore. Todavia, a Natureza nunca permitiria que aquele local fosse devastado.

Uma árvore, sozinha, seria arrancada do solo como uma delicada pétala é arrancada de uma flor. Mas, se se juntassem, poderia haver uma possível salvação. O jovem pinheiro, julgando – se mais forte que velhos pinheiros bravos, convencido de que resistiria sozinho à tempestade, recusou o pedido de união das árvores, e isolou – se do resto dos membros da sua espécie. O vento rugia fortemente, fazendo estremecer os pinheiros antigos. Estes, de longas e profundas raízes, faziam correr a linfa até às mais altas ramagens, e entrelaçavam as suas raízes uns nos outros, agarrando – se fortemente ao solo da mãe Natureza.

A ventania era tão forte que necessitariam de mais um elemento para permanecerem estáveis e em segurança. O pinheiro novo continuava a teimar, achando que conseguiria aguentar tal tempestade. Porém, sentia – se quase vencido pelo cansaço, as suas forças estavam a diminuir e as suas raízes agarravam cada vez com menos força o solo lamacento. O pinheiro sábio sabia que ele não iria resistir por muito mais tempo. Sendo amigo dele, a sua consciência impedia – o de ficar ali sem fazer nada para ajudar o amigo teimoso. Todavia, iria correr um grande risco ao afastar – se do grupo, mas, para ele, a amizade do amigo era um valor superior e indispensável.

Apesar do vento, apesar do perigo que estava a correr, socorreu o amigo, puxando – o com todas as suas forças para o meio do grupo. Juntos estavam certos que poderiam alcançar a salvação da espécie, e foi o que aconteceu. Amizades Verdadeiras são como árvores de raízes profundas; nenhuma tempestade as consegue arrancar; A união faz a força; Quem te avisa, teu amigo é.

Rita f.




1 comentário:

Anónimo disse...

"As árvores morrem de pé".
Beijinho

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